Notícia da Revista SÁBADO.
Entrevista de Fernando Esteves e Maria Henrique Espada e imagem de Joana Mouta
O deputado Ricardo Rodrigues já tinha dito que não estava a gostar das perguntas feitas durante a entrevista. De repente, levantou-se da cadeira e saiu apressado. Antes, pegou discretamente os gravadores dos jornalistas da SÁBADO e meteu-os nos bolsos das calças. Já no exterior do Parlamento, encontrou os jornalistas, que o confrontaram com a situação, mas mesmo assim recusou devolvê-los. A SÁBADO apresentou queixa no DIAP de Lisboa, por furto e atentado contra a liberdade de imprensa e de informação. O deputado açoriano, um dos principais porta-vozes do PS para a área da Justiça, não quis responder a questões sobre a sua ligação, como advogado, sócio e procurador, com Débora Raposo, condenada em 2008 por burla e falsificação de documentos, num caso que defraudou em vários milhões de euros a CGD de Vila Franca do Campo, nos Açores. E em que ele próprio chegou a ser arguido, mas não acusado. No entanto, o juiz de primeira instância de Ponta Delgada, num processo em que Ricardo Rodrigues processou um jornalista, considerou questionável a sua ingenuidade: “Tem de admitir-se, à luz das regras da experiência comum e do normal acontecer das coisas, que um quadro daqueles era de molde a, ao menos, gerar suspeita numa pessoa medianamente diligente e prudente. Se o assistente (Ricardo Rodrigues), na sua condição de advogado, não representou sequer uma tal hipótese, então deve dizer-se que isso não impede os outros de duvidarem de um tal desconhecimento e até mesmo, supondo-o verdadeiro, o censurarem, sobretudo em quem depois se alcandorou a cargos políticos respeitáveis e de responsabilidade.”
Ricardo Rodrigues recusou ainda abordar, e levantou-se nessa altura, o tema da sua demissão, em 2003, do Governo Regional dos Açores, em que era secretário regional, na sequência de boatos, com repercussão pública, que o ligavam a um escândalo de pedofilia no arquipélago. A motivação da saída também foi pública. A questão, que já não foi possível colocar, não era sobre os boatos, mas sobre as consequências que os políticos devem – ou não – tomar face a esse tipo de situação. Ainda corre um processo colocado por Ricardo Rodrigues contra o Expresso e a SIC, sobre esta questão.
Ricardo Rodrigues diz ter sido vítima de "violência psicológica insuportável"
Em conferência de imprensa no Parlamento, Ricardo Rodrigues justificou o acto com a “violência psicológica insuportável” que, segundo o deputado, estaria a ser exercida sobre si pelos jornalistas. Ricardo Rodrigues acrescentou ainda que foi alvo de “perguntas inquisitórias e assentes em premissas falsas”. Incomodado com as perguntas, o vice-presidente da bancada socialista diz ter furtado os aparelhos de gravação, num "acto irreflectivo", como alternativa para preservar o seu bom nome.
Ricardo Rodrigues anunciou ainda que apresentou, na passada segunda-feira, uma providência cautelar contra a revista Sábado e os dois jornalistas que conduziram a entrevista.
Líder parlamentar mantém "em absoluto" confiança política em Ricardo Rodrigues
O presidente do grupo parlamentar do PS, Francisco Assis, afirmou esta terça-feira que mantém "em absoluto" a confiança política no seu vice Ricardo Rodrigues, que, durante uma entrevista, se apropriou de dois gravadores de jornalistas da revista Sábado.
A Sábado publicou esta terça-feira imagens no seu site em que o dirigente da bancada socialista Ricardo Rodrigues começa por manifestar repúdio face às perguntas dos jornalistas e depois levanta-se da cadeira a meio da entrevista, metendo no seu bolso os dois gravadores dos jornalistas.
Confrontado com este caso, Francisco Assis disse "manter em absoluto" a confiança política no vice-presidente do grupo parlamentar, considerando que Ricardo Rodrigues "é uma pessoa de grande lealdade, capacidade política e rigor".
"Ricardo Rodrigues é um dos melhores deputados da Assembleia da República, tem servido de forma exemplar o nosso projeto político e tive já a oportunidade de lhe exprimir a minha solidariedade", disse Assis
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