terça-feira, 6 de abril de 2010

O regresso ...



Mais uma Páscoa passada !
Este ano a "Visita Pascal", em minha casa, foi ao Domingo pois acontece ano sim ano não.
Um ano a visita começa ao Domingo pela parte de baixo e no seguinte pela parte de cima, pelo que para o ano será apenas na 2ª. Feira.
Sem horas marcadas o Padre Basílio mantém-nos "presos" um par de horas, aguardando a sua chegada.

Mais uma vez, na minha terra, as mini-férias passaram depressa.

Tempo mais de Natal do que de Páscoa, embora não tenha chovido, o vento frio convidava a ficar em casa.
As noites muito frias não convidavam a grandes giros.
Na Páscoa a "cidade" recebe alguns dos seu filhos que raramente a visitam.
Confesso que gostava mais quando era "vila", pois tinha mais população do que actualmente. Havia muito mais convívio e menos poluição. Hoje são os carros que passeiam a Avenida em vez das suas gentes.
Não tem muita piada ir da "Cidade" para a "cidade".
Cresceu em "casas", mas a população não aumenta.
Relvou-se o "Estádio Municipal", mas é pouca a assistência.
O vento frio não me impediu de ir ver o "Sporting" ganhar.
Saudosista ? Talvez um pouco.
Lembro as tertúlias do Café do "Morrão" e o seu velho bilhar. Mais tarde o Café da "Maria Helena" sempre cheio de gente para conversar.
Certo de que os temas de conversa eram quase sempre os mesmos, mas davam para desenfurrejar a lingua e maldizer. Hoje não se conversa, pois parece que não há nada para dizer.
Diz-se mal em surdina, mas não se levanta a voz para dizer o que se pensa.
A juventude prefere os bares barulhentos e quantos mais decibéis melhor.
No meu tempo preferíamos a tranquilidade das "adegas" particulares, não tanto pelos "copos" mas mais pelo convívio. Bastava um pouco de pão, uma chouriça ou salpicão, um bocado de bacalhão crú, uma lata de sardinhas ou de atum e por lá ficávamos horas a conversar.
Hoje não se conversa nem se sai de casa. Fica-se a ver novelas sem se poder falar.
Mudam-se os tempos, mudam-se os hábitos !

Regresso a ... casa.



6 comentários:

  1. Esta é uma estreia minha na escrita! Não por falta de vontade, mas por manifesta falta de jeito! Mas devo-o por admiração ao meu grande Pai e grande amigo! Foi bom ler-te e recordar a Páscoa da Mêda, pois afinal eu que sou apelidada por muitos amigos como a Medense, e há tanto tempo que lá não vou!De facto Páscoa para mim tem um sinónimo: MEDA!Como eu adorava quando era miuda! O pior era quando tinha de ir à missa com a minha prima Sandra (que tb já não vejo há uns anos). Missa de Páscoa era um martírio, pois nunca mais acabava. Quando terminava, lá íamos as duas a correr para o fantástico almoço em família e claro receber as amêndoas do meu querido e saudoso Avô João e meu Padrinho, que nunca se esquecia das amêndoas e do folar para a afilhada!!!!!! Que saudades avô!Mas a vida vai mudando e às vezes vamos deixando (ainda que nunca esquecendo) os lugares que tão especiais foram para nós na infância e na adolescência! Agora esta vida parva de adulto faz-nos perder tanta coisa boa!
    Obrigada papi por me fazeres reviver tempos em que a felicidade imperava e os problemas pareciam não existir! Fica prometido que para o ano não perderei a Páscoa na tua/minha Mêda!

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  2. Ai filhota que não te vou perdoar teres-me feito verter uma lágrima.
    Como o blog é público, evito escrever algumas coisas que só a nós dizem respeito.
    Quantas vezes surge a vontade de o fazer !!!
    Lembrar a infância e a adolescência felizes, é uma constante.
    Recordar as viagens para a Mêda, pelas estradas sinuosas do Douro, é o lembrar o desafio da “contagem dos pombais” para passarmos as longas horas do trajecto.
    Não tiveste a sorte de conhecer a “casa cheia” da avó Palmira, mas tiveste a felicidade de ter conhecido o avô João que era o “Padrinho”, também assim chamado pelas tias.
    Todas eram “netas” sem descriminação.
    Lembraste os “fantásticos almoços familiares”. Uma “vergonha” aquela sala cheia e a mesa sempre com tantas travessas e tachos a abarrotar. A “vergonha” maior são as fotos que o atestam sempre com as “garrafas” a emoldurar.
    Olhar e ver o sorriso do “anfitrião” por ter ali “toda a família” reunida era o consolo da longa distância percorrida do Porto à Meda. Só de o lembrar, dá arrepios ! Não sei como o “João Polícia” tinha tanta paciência para nos aturar !!!
    Ainda bem que não esqueceste a terra que me viu nascer e que também a ti deixou boas recordações.
    Vou cobrar-te a “promessa” e para o ano não terás desculpa para não estares presente na Páscoa.
    Obrigado filhota.

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  3. Caríssimo Lusitano

    Começo o meu comentário com duas frases, uma de Cícero ,grande jurisconsulto romano " ó tempore ó mores" e outra de Camões " mudam-se os tempos, mudam-se as vontades", mas eu digo que uma coisa que perdura é a saúdade, não sei se para dar-nos combustível e nos fazer viver ou se para nos matar lentamente com os espinhos da ausência.

    Li os comentários saudosos da tua filha Isabel e a promessa de passar pelo menos uma Páscoa na nossa querida Mêda, talvez ela na vá sentir os mesmos cheiros de outrora, ver as mesmas pessoas ou até sentir o saber das mesmas comidas, mas tenho a certeza que vai passar um filme na sua cabeça que a fará regredir àquela época e a fará sentir-se bem para que não possa perder a Páscoa na Mêda.

    E tu e as tuas ufanas lamúrias pelas palavras do teu rebento, olha fizeste com que o meu olho lacrimejasse também. A gente fica mais velho e fica mais sensível porque também começaram a passar na minha mente as cenas da Páscoa da minha infância, o bolo da avó Maria e o queijo fresco com açúcar que ela fazia na quinta do Moreiró, o salpicão e as choriças para "apeguilhar",( lembras do "peguilho? "),os doces e os batidos.Agora temos tudo nas padarias, mas antigamente era mais gostoso, talvês porque fosse no pós-guerra e as coisas eram mais difíceis por isso mais saborosas.
    Estes dias têm sido de saúdades:omtem estive a noite inteira escutando o Zé Pracana, que fadista, até lhe mandei um émail e ele respondeu agradecendo. E assim vamos caminhando.

    Um grande abraço

    Luís Filipe

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  4. Caríssimo Luís Filipe !
    Terminado o fim de semana com tempo radioso, aqui estou de visita ao meu blog e mais uma vez encontro as tuas palavras amigas.
    Estamos a ficar demasiado "saudosistas" !
    Vês porque prefiro não escrever muitas vezes sobre alguns temas ?! Ficamos lamechas e vão chamar-nos "idosos".
    Há uma coisa que seguramente nunca esqueceremos : a nossa terra e a nossa infância.
    Apesar de vivermos em cidades e tenhamos conhecido "mundo" evoluído, em certas coisas, não mudaremos. Seremos e com gosto "aldeões" nos valores, por mais que chamem cidade à nossa "vila".
    Quando resolvi criar o blog não pensei sequer que alguém o lesse, mas na verdade fui apanhando o "vício".
    Espero que continues a contribuir para me recordar os usos e costumes das nossas gentes simples que na Meda conhecemos e que nos "marcaram" positivamente.
    Oxalá nunca esqueçamos o berço, como tantos do nosso tempo o fizeram, tornando-se "citadinos".
    Coitados que não perceberam que não é o status monetário que dá superioridade, mas sim o status cultural que ao longo da vida fomos absorvendo e armazenando.
    Já me alonguei !
    Aquele abraço amigo.

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  5. Ola,
    Amigo lusitano, apesar de mais novo e de estar mais perto da Meda, a Pascoa já não é o que era, tem toda a razão, mas a malta mais nova agora já não pode ir para as adegegas, pois elas deixaram de existir, como a maioria das tradições da nossa " vila ", pois parece que desde que somos cidade, até os nossos conterraneos vêm menos vezes à Meda.
    Um abraço
    Pedro Lourenço

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  6. Caríssimio Pedro,
    Claro que hoje não há "adegas" como no meu tempo, pois compreendo a evolução dos tempos. Poderia enumerar vários motivos, mas isso não se torna necessário pois todos conhecemos algumas dessas razões.
    Sabes bem Pedro que um dos locais de reunião era precisamente uma "adega" da tua família, assim como nos juntávamos na do meu Pai e não só.
    No fundo o que quis expressar foi que a Páscoa e as Férias na Meda já não têm nada a ver com as do meu tempo, do teu Pai e tios.
    Concerteza ouviste falar nos nossos longos serões em amena cavaqueira.
    Cuidado com as interpretações erradas, pois não sou nada contra o "progresso", mas "progresso" com qualidade de facto e não apenas na aparência.
    Também eu lamento e critico os Medenses que esquecem a nossa terra e que, por viverem em "grandes cidades", se julgam superiores aos que por lá ficaram. Sabes bem que não sou desses, pois sempre que posso visito a Meda, embora cada vez menos apelativa.
    É bom visitar a família, mas é também salutar conviver com os amigos.
    Um dia, em jeito de conto, escreverei sobre os anos 60 na Meda.
    Para que saibas que não esqueço os amigos, peço-te que recordes ao teu Pai que este ano tem que haver "festa" dos de 1945.
    O abraço amigo

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