segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Medenses de 1945



Apesar da II Guerra Mundial ainda não ter terminado, os casais não se coibiram de procriar ! Assim, nesse ano de 1945, nasceu muita gente na minha terra.
Muitos rapazes e raparigas, anos mais tarde, enchiam as escolas primárias do concelho.
Quantos éramos na minha escola ? Muitos.
Até ao fim da 4ª classe convivi muitíssimo com eles e elas, embora nesse tempo as escolas não fossem mistas.
Apesar de nas “férias grandes” eu passar bastante tempo na Meda ( nunca faltava, pelo menos, em Setembro ), perdi o assíduo contacto com muitos amigos.
Alguns desses amigos e amigas já vinham de trás, pois iniciámos a convivência nas “freirinhas ou irmãzinhas” que nos aturavam no “Patronato” que foi uma excelente obra da D. Maria do Carmo Lacerda Faria. Com esse seu legado deu-se início ao que hoje é a pré-primária.
Alguns de nós, lá aprendemos as primeiras letras pela Cartilha de João de Deus.
Só muitos anos mais tarde é que reencontrei alguns colegas de escola que, mal terminavam a primária, começavam a trabalhar nas profissões escolhidas.
Foi na inspecção militar que nos reencontramos todos.
Já tinha começado a Guerra Colonial, mas mesmo assim os “Apurados”, que fomos todos, faziam a festa.
Eu que, nessa altura, vivia e estudava no Porto, a pedido do meu Pai, lá fui para esse dia.
Cheguei no dia anterior, faltando ao “banho” nas termas de Longroiva, mas a tempo do jantar de confraternização ( para minha surpresa ) no terraço da casa dos meus Pais.
No dia da inspecção nós todos nús e o Zé Abreu Morais a não querer tirar as cuecas !
O costume de visitar todas as casas dos inspeccionados ( ricos, remediados e pobres ), beber o copo e comer os doces, foi cumprido.
Imaginam portanto a “alegria” ao fim do dia !!
O “acordeonista” sempre a acompanhar a romaria, entre vivas e cantigas.
Do alto do "Castelo" atiravam-se foguetes que o "Pacheco" produzia e vendia.
Teria eu coragem de atirar o primeiro ?

Atirei um dos do Dulcínio, que me incitou e ensinou a faze-lo.


Que medo !
O que custa é o primeiro. Gostei e lá comprei uma dúzia.
Que estrondos !!!
Tinha ido ás “sortes”, era portanto HOMEM !

Tudo isto vem a propósito de que este ano faremos 65 anos ! Jovens, claro.

Foi em 1995 que revi novamente muitos desses amigos, que durante muitos anos não tinha reencontrado.
Iniciámos na Meda o comemorar dos 50 anos, costume que penso ainda se mantenha, em Agosto.
Convívio jantar no Sete e Meio. Que grande festa !!

Apenas alguns ( não todos ) participantes há 10 anos.


Como gostámos, repetimos em 2000 e 2005, aos 55 e 60 anos.
















Terminada a festa, ela continuou com alguns de nós em familia








Este ano serão os 65 anos e lá terei que pedir novamente ao Ernesto Lourenço, para convocar os vivos pois, infelizmente, alguns já não poderão estar presentes. Estarão em pensamento.

Sei que ainda é cedo para a convocação mas, início de 2010, é hora de pensar nisso.

Força Ernesto, vamos a isso.


2 comentários:

  1. Amigo Lusitano

    Cara, você não sabe o quanto me sentí mais jovem vendo essas fotos de alguns anos atrás.

    Cheguei à conclusão que os anos não passaram por mim, simplesmente fizeram um olé, sem provocar qualquer tipo de estrago, apenas alguns teimosos cabelos brancos nas têmporas.

    Sempre escutei falar que o calor dos trópicos envelhece as pessoas, comigo aconteceu o contrário, e descobri o porquê : todo o ano carrego as baterias em Portugal e a cada cinco anos dou-lhes uma super carga, ao rever os meus amigos de infância, os natos em 45, aqueles que tiveram a honra de escutar os berros do professor Gamboa, aqueles que de leve ou com força tiveram o desprazer de experimentar a nodosa vara de marmeleiro do professor Gouveia.
    Anos de glória esses, éramos uns heróis, porque enfrentar logo pela gélida manhã a régua espalmada nas mãos e e a vara faiscando as regeladas orelhas era coisa para gente grande. Não me arrependo de ter reprovado logo no primeiro ano porque assim mudei de professor, e tenho que transparecer aqui a minha eterna gratidão ao Professor Ilídio que me enssinou tudo o que uma criança poderia aprender naquela época.

    Ó Lusitano voçê esqueceu a via sacra que a gente fazia à casa de cada um quando finalizávamos o curso primário para comer os doces e tomar algum tipo de refresco.

    As inspeçôes militares eram praticamente a nossa afirmação de virilidade.Sou homem, a fita vermelha na lapela era sinal que o exército me quiz. De peito estufado lá íamos nós gritando: " vivam os apurados", gritos de vivam os livres não tinha porque não os havia. Os vivas se confundiam com os estouros dos foguetes do Pacheco e com o arfar do acordeon do Zé Maria Murça ,contratado para animar a festa.

    Anos dourados para os bravos que de uma maneira ou de outra, com esforço e tenacidade conseguiram encontrar o seu caminho.

    Infelizmente alguns ficaram pelo caminho, ficará sempre presente a sua memória. Os que restaram que são bastantes os conclamo para que se faça aquela festa grandiosa, com muita alegria e animação.

    Luís Filipe

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  2. Caríssimo Amigo Luís Filipe !

    Tens razão, não escrevi sobre a "via sacra" do fim da 4ª classe, mas podes crer que não está esquecida.
    Como não quis ser longo e mesmo assim fui-o, não falei nisso, embora nunca o tenha esquecido.
    Como sabes o motivo do meu blog é apenas para umas "leves pinceladas" sobre os assuntos e não o exaustivo relato. Dentro dos possíveis cá vou deixando umas dicas.
    Envelhecidos, nós ? Os cabelos brancos não querem nada connosco.
    Ainda tens que me contar essa história de teres reprovado na 1ª classe. Concerteza foi para te safares do Professor Gamboa e passares para o Professor Ilídio que era bem mais brando.
    Quantas histórias da nossa escola primária !!
    O teu Professor era mais certinho, mas o Gamboa era "um baldas" que nos deixava entregues aos mais velhos e ia para o café do Morrão.
    Como eu na altura era um rapazito "esperto" também me baldava quando ele, no inverno, me mandava ir buscar as brasas para a sua escalfeta. Gozava uns minutos extra pois o forno da nossa Padaria "estava sempre fechado" e eu tinha que esperar para que uma das forneiras o abrisse, mesmo que isso não fosse verdade, eu aproveitava.
    Coitados de muitos dos colegas que "levavam" todos os dias ! Normalmente eram os mais desfavorecidos, os "das quintas", como o Paulino que nunca mais vi mas que não esqueci o nome. Se eram "burros" mais burros ficavam, pois em vez de incentivados eram os bobos da festa.
    Fizeste bem em relembrar esses tempos.
    Hoje rio-me quando falam em "inverno rigoroso" como este ano está a ser. Naqueles tempos é que era frio e nós nunca o sentíamos. Era uma alegria haver neve, primeiro porque o Gamboa não conseguia vir dar aulas, pois não podia vir do Poço do Canto para a Meda e depois porque dava para as nossas inconscientes brincadeiras.
    Bem, não sejamos tão saudosistas !!
    Aquele abraço....

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