quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Emprego e … Desemprego


Com pompa e circunstância o Primeiro-Ministro e Ministro da Economia anunciaram o investimento de 160 milhões de euros, numa unidade industrial de Cacia ( Aveiro ), para fabricação de células de iões de lítio e módulos de bateria para os carros eléctricos da aliança Renault-Nissan.
Ficou ontem a promessa de criação de 200 novos postos de trabalho associados directamente à produção das baterias.
Impõe-se uma pergunta : quanto vai custar ao contribuinte este investimento ?
Quantos empregos teria sido possível manter se esse apoio tivesse sido dado a PME’s, que foram obrigadas a encerrar por asfixia financeira ! Tivessem estas condições, muitas não estariam em estado de insolvência e consequente encerramento. Certo de que a criação de emprego é de aplaudir, mas mais aplausos teriam as ajudas a fábricas portuguesas que, as não tiveram e, delas tanto necessitavam. Assim, engrossou-se o desemprego.
São sempre as grandes empresas multinacionais que recebem as benesses estatais, esquecendo-se sempre os pequenos empresários deste país.
Não vale a pena citar nomes dos grandes grupos multinacionais que receberam os benefícios e se puseram a andar para outras paragens, pois todos os conhecemos.
Afinal não travaram o desemprego que oficialmente se situa nos 10,2 % em Portugal, acima da média dos países do euro (9,6%) e da UE (9,3%).
Mas qual o a taxa real do desemprego ? Iludem-se as estatísticas.
Quantas das pequenas indústrias tradicionais existem hoje no nosso país ? Pouquíssimas ! As restantes encontram-se, com raras excepções, em situação de insolvência.
Não eram estas empresas que mantinham o emprego ?
Todos os dias, nos telejornais, se vê o número de desempregados a aumentar os Centros de Emprego.
O governo das grandes obras e das tecnologias, esquece que não é “com as novas oportunidades” que se criam técnicos de qualidade.
Não se fazem Doutores e Engenheiros só porque se tem um diploma !

2 comentários:

  1. Caro Lusitâno.

    Concordo e aplaudo este seu comentário.
    De facto, as PME's em Portugal são autenticas escolas de subrevivência tal é o esquecimento a que são votadas. Pior é que ninguém neste país se apercebe que elas são o verdadeiro motor da ecónomia. Não só a nivel de produção ou geração de emprego. Elas também são, do ponto de vista do financiamento do Estado, um dos grandes contribuintes para o Bolo Financeiro Português. Vejam-se os bancos por exemplo. A ultima vez que alguém teve a coragem de aumentar os impostos aos bancos foi com Santana Lopes e,mesmo assim de uma forma bastante ténue. Onde já se viu um banco falir, com fortes indicios de corrupção, e ficar com estado como avalista, depois de ter apresentado lucros durante anos concecutivos?
    E o pobre do gerente de uma empresa familiar vêsse na miséria, se não na cadeia, se não pagar o IVA apesar de o ter facturado e ainda não ter recebido...
    E essa história das linhas de crédito é outra das candidatas a piada do ano.
    Devem-se contar pelos dedos de uma mão, (de uma mão não... que sejam pelos dedos de duas) as PME's deste país, com capacidade de endividamento, por muito pouco se seja.
    Parece que os erros da década de oitenta não ensinaram nada a esta gente.
    O país é que já não terá uma "nova oportunidade". Quando se formam pessoas, não para trabalhar, mas sim para a estatística é o que dá. Corremos o risco de daqui por uns anos não haver quem saiba acentar um tijolo ou podar uma vinha.
    Somos todos Doutores e Engenheiros. Alguns até se formam ao fim-de-semana!!!! Isto sim é instrução!!!

    Saudações Medenses.

    ResponderEliminar
  2. Caríssimo Carlos Fial !
    Quando criei o blog, foi sem pretensões. Fi-lo para que fosse um espaço leve de discussões de temas da actualidade.
    Não pretendo que seja um espaço de discussão demasiado profunda nem demasiado técnica.
    Vou, sem guião, escrevendo uns posts.
    Não deixou de ser curioso ouvir, nos telejornais desta noite, o Prof. Daniel Bessa dizer o que hoje eu tinha aflorado.
    Como eu dizia, as receitas são conhecidas.
    Sobre as oportunidades perdidas dos anos 80, um dia escreverei sobre o assunto, pois domino o tema já que, por obrigações profissionais, vivi esse processo.
    O abraço amigo
    Lusitano Amaral

    ResponderEliminar