segunda-feira, 23 de novembro de 2009

R. I. 6 … Sempre


Longe vai o ano de 1968, ano em que tive a sorte de ser colocado no R.I. 6, vindo da EPI ( Mafra ) como Aspirante a Oficial Miliciano. Ali fiquei durante 33 meses e onde conheci muitos dos amigos que ainda hoje o são. Era o tempo da Guerra Colonial que, concordássemos ou não, teríamos que aceitar ou então desertar.
Quantos Oficiais Milicianos passaram pela nossa unidade, antes de serem mobilizados ? Tantos ! Alguns por breves tempos, outros por períodos mais longos.
Fui dos que tive a sorte de não ser mobilizado e portanto permanecer no Glorioso R.I. 6 durante quase 3 anos. Foi muito tempo ! Muitas levas de soldados por lá passaram para receberem a instrução. Era o tempo em que a “tropa” era obrigada a servir a Nação.
A maior parte dos Oficiais eram, como eu, Milicianos. Os do Quadro Permanente ficavam o tempo de “entre comissões”. Conhecemos assim muitos desses Oficiais, mas a verdadeira camaradagem fortalecia-se com os que iam ficando e com os novos que chegavam e também permaneciam.
Não posso esquecer o Comandante que me recebeu, o Coronel Abílio Pacheco. Fomos uns poucos eleitos que nos apresentámos ao mesmo tempo, pois raramente se vinha directamente de Mafra para o Regimento de Infantaria Nº. 6 com sede no Porto.
O discurso da praxe e, o Comandante, entregava-nos a “ Carta a Garcia”. A palavra amiga e paternal do Coronel Abílio Pacheco punha em nós uma enorme responsabilidade. Dizia-nos ele …”sei que não são militares e aqui estão obrigados, mas se forem homens serão bons militares e podem contar comigo.” A partir dai era impossível não sermos leais para com ele. Não era imposição, mas colaboração. Assim, a nossa Unidade era apontada como exemplo para muitas Unidades da Região Militar do Norte.
Camaradas colocados em unidades do Norte ( Vila Real, Chaves e outras ) davam tudo por uma transferência para o R.I.6. Alguns deles lá o conseguiam.
Era o tempo em que nós Oficiais, como Alferes Milicianos, chegávamos a comandar Companhias, dada a falta de Oficiais do Quadro Permanente. Responsabilidades acrescidas, mas que desempenhávamos também de forma eficiente com a “sabedoria” dos nossos 1º.s Sargentos.
Criaram-se raízes ao Regimento que, passados tantos anos, ainda em nós permanecem. Pelo menos uma vez por ano, aí recordamos as nossas vivências desses tempos. Umas boas e outras más, mas sempre com um sorriso nos lábios.
Amizade cimentada ao longo de já várias décadas, ficará para sempre.
Infelizmente alguns desses camaradas já não estão presentes, mas estão na nossa memória.
Um até sempre, camaradas.

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