“A Cooperativa de Meda foi fundada a 19 de Dezembro de 1956, recebendo as primeiras uvas em Setembro de 1958. Nesse ano, 128 associados entregaram 606.976 kg, que produziram 463.551 litros de vinho. Durante o ano de 1959 foram obtidos os primeiros resultados com a venda de 115.920 litros de vinho”.
Inexplicavelmente no início do ano em curso, foram os associados confrontados com o encerramento das instalações da sua Cooperativa.
Despedimento colectivo do pessoal e o abandono quase total de um património conseguido ao longo de 53 anos.
Ao longo da sua existência, entre altos e baixos, foi a Cooperativa a forte instituição dos lavradores de algumas freguesias do concelho que fazem parte da região “demarcada do Douro”.
Geradora de emprego certo e seguro, durante muitos anos.
Os pequenos lavradores entregavam as suas uvas e recebiam o produto do seu trabalho, que cobria as despesas de manutenção das suas vinhas e ainda conseguiam fazer alguns pequenos investimentos.
Os produtores de “generoso” tinham assegurado o escoamento e lá ia dando para a manutenção das vinhas que também produziam o famoso “vinho de pasto da Meda”, sendo este também pago a valores razoáveis.
Não foi apenas a crise no sector dos vinhos que inverteu a tendência e o equilíbrio do não pagamento das colheitas ao associado.
A par dos investimentos necessários também subiu a facturação.
As contas estavam equilibradas até ao ano de 2000, como se pode verificar pelos Balanços da altura.
Foi a partir do ano de 2001 que se iniciou o descalabro. Colheitas não integralmente pagas e preços irrisórios para as uvas produzidas.
Aumentos de Capital obrigatórios, mas substancialmente acrescidos ao que estavam legalmente mandatados.
Pagamentos da dívida aos Bancos em vez dos pagamentos aos Lavradores.
Começou a debandada e a cada vez menor entrega de uvas por parte dos associados, pois não viam os pagamentos ser-lhes efectuados.
Acresce que muitos dos agricultores preferiram “abandonar as vinhas”, vendendo as respectivas licenças, muitas delas, para fora do concelho. Outros apenas entregavam parte das suas colheitas.
De uma Cooperativa forte e sólida passou a uma Adega de sobrevivência.
A gestão, completamente amadora, não soube responder aos desafios do mercado e do equilíbrio das contas.
Erros comerciais e de gestão foram-se acumulando.
Pessoal a mais desde que a Facturação passou para metade da dos anos 90 e 2000. Foi o deixar correr sem intervenção firme para alterar a situação caótica que se começava a sentir.
Foram feitos, por diversos associados, os alertas necessários, mas a Gestão fazia “ouvidos de mercador” e prosseguiu a política comercial ruinosa, vendendo ao desbarato o “vinho de mesa”, engarrafado e rotulado.
Com a cada vez menor entrega de “uvas beneficiadas”, fugiam também as de “casta” e as despesas fixas sempre em crescendo.
Ficavam as “uvas de pasto” que eram pagas a preço que mal dava para que o agricultor pudesse pagar as despesas da vindima.
Nas Assembleias, apenas uns poucos alertavam para as consequências futuras da política seguida pela Direcção, mas não eram ouvidos. Gerava-se a confusão e as acusações mútuas e pessoais. Aprovavam-se Contas sem serem devidamente debatidas e discutidas.
O controlo ou o “descontrolo” das Contas, até permitiu “desvios de Caixa” !
As Cooperativas são entidades independentes, têm os seus corpos sociais e são eles que têm que tomar as decisões em consonância com os seus associados.
É uma Gestão activa e competente que deve gerir e não esperar que as coisas aconteçam. Não são subsídios estatais ou autárquicos que podem ou devem ser esperados, pois as Cooperativas são Sociedades especiais que devem bastar-se a si próprias.
O mais curioso da situação, a fazer fé no último Balanço, referente a 2008, é que não se compreende o abandono da Cooperativa e o “encerramento”, sem uma qualquer opção apresentada aos associados.
A “insolvência” não é possível, face ao Balanço de 2008.
A “viabilidade” é outro assunto, mas a “insolvência" NÃO.
Que futuro ?
Gráfico elucidativo do valor pago em Escudos por kg/Uva “de pasto" !
1994 a 2004
Inexplicavelmente no início do ano em curso, foram os associados confrontados com o encerramento das instalações da sua Cooperativa.
Despedimento colectivo do pessoal e o abandono quase total de um património conseguido ao longo de 53 anos.
Ao longo da sua existência, entre altos e baixos, foi a Cooperativa a forte instituição dos lavradores de algumas freguesias do concelho que fazem parte da região “demarcada do Douro”.
Geradora de emprego certo e seguro, durante muitos anos.
Os pequenos lavradores entregavam as suas uvas e recebiam o produto do seu trabalho, que cobria as despesas de manutenção das suas vinhas e ainda conseguiam fazer alguns pequenos investimentos.
Os produtores de “generoso” tinham assegurado o escoamento e lá ia dando para a manutenção das vinhas que também produziam o famoso “vinho de pasto da Meda”, sendo este também pago a valores razoáveis.
Não foi apenas a crise no sector dos vinhos que inverteu a tendência e o equilíbrio do não pagamento das colheitas ao associado.
A par dos investimentos necessários também subiu a facturação.
As contas estavam equilibradas até ao ano de 2000, como se pode verificar pelos Balanços da altura.
Foi a partir do ano de 2001 que se iniciou o descalabro. Colheitas não integralmente pagas e preços irrisórios para as uvas produzidas.
Aumentos de Capital obrigatórios, mas substancialmente acrescidos ao que estavam legalmente mandatados.
Pagamentos da dívida aos Bancos em vez dos pagamentos aos Lavradores.
Começou a debandada e a cada vez menor entrega de uvas por parte dos associados, pois não viam os pagamentos ser-lhes efectuados.
Acresce que muitos dos agricultores preferiram “abandonar as vinhas”, vendendo as respectivas licenças, muitas delas, para fora do concelho. Outros apenas entregavam parte das suas colheitas.
De uma Cooperativa forte e sólida passou a uma Adega de sobrevivência.
A gestão, completamente amadora, não soube responder aos desafios do mercado e do equilíbrio das contas.
Erros comerciais e de gestão foram-se acumulando.
Pessoal a mais desde que a Facturação passou para metade da dos anos 90 e 2000. Foi o deixar correr sem intervenção firme para alterar a situação caótica que se começava a sentir.
Foram feitos, por diversos associados, os alertas necessários, mas a Gestão fazia “ouvidos de mercador” e prosseguiu a política comercial ruinosa, vendendo ao desbarato o “vinho de mesa”, engarrafado e rotulado.
Com a cada vez menor entrega de “uvas beneficiadas”, fugiam também as de “casta” e as despesas fixas sempre em crescendo.
Ficavam as “uvas de pasto” que eram pagas a preço que mal dava para que o agricultor pudesse pagar as despesas da vindima.
Nas Assembleias, apenas uns poucos alertavam para as consequências futuras da política seguida pela Direcção, mas não eram ouvidos. Gerava-se a confusão e as acusações mútuas e pessoais. Aprovavam-se Contas sem serem devidamente debatidas e discutidas.
O controlo ou o “descontrolo” das Contas, até permitiu “desvios de Caixa” !
As Cooperativas são entidades independentes, têm os seus corpos sociais e são eles que têm que tomar as decisões em consonância com os seus associados.
É uma Gestão activa e competente que deve gerir e não esperar que as coisas aconteçam. Não são subsídios estatais ou autárquicos que podem ou devem ser esperados, pois as Cooperativas são Sociedades especiais que devem bastar-se a si próprias.
O mais curioso da situação, a fazer fé no último Balanço, referente a 2008, é que não se compreende o abandono da Cooperativa e o “encerramento”, sem uma qualquer opção apresentada aos associados.
A “insolvência” não é possível, face ao Balanço de 2008.
A “viabilidade” é outro assunto, mas a “insolvência" NÃO.
Que futuro ?
Gráfico elucidativo do valor pago em Escudos por kg/Uva “de pasto" !
1994 a 2004
Caro amigo Lusitano
ResponderEliminarPrimeiro quero cumprimentar-te pela ótima ideia da criação deste teu blog, janela aberta para comentários a vários assuntos e quem sabe soluções para algus problemas.
Reportando-me ao tema " Adega Cooperativa de Mêda", é com bastante pezar e dor na alma que soube da notícia do seu fechamento, visto que sempre foi um símbolo representativo do concelho da Mêda.
Foi uma casa que vimos nascer e crescer, mas foi lá fora, em Lisboa ou Porto ou ainda em outras localidades que sentíamos orgulho de ser medenses quando escutávamos:"Ah!!! você é da terra do bom vinho".
Tenho a certeza plena e absoluta que ainda haverá um punhado de gente abnegada que irá tentar negociar as dívidas e gerenciar esse imenso património que não pode de maneira alguma ser sucateado. Gerir e administrar é uma arte e não são todas as pessoas que possuem essa qualidades.Há que escolhê-las a dedo, consultando a sua vida pregressa.
Impondo um cunho forte de Trabalho, de Honestidade para com os fornecedores,no caso os cooperados, estes sabendo que irão receber o produto da sua colheita irão dar um voto de confiança á nova administração. Há também que formar uma equipe profissional de vendas para dar vazão ao produto das vindimas que deve ser de altíssima qualidade, pois hodiernamente só fica no mercado quem tiver qualidade, preço e atendimento, a não ser que seja monopolista.
Não é fácil. Não. Mas não é impossível. Hoje em dia tudo é negociável,creio que a justiça verá com bons olhos alguém que se propõe tirar um empreendimento do fundo do poço e levá-lo ao sucesso.Quando se trata de cooperativa a dificuldade é menor.
Vamos esperar para ver.
Luís Filipe
Porto ferreira.SP-Brasil
Caríssimo Luís Filipe !
ResponderEliminarNão leves a sério esta minha incursão pela blogosfera, pois foi apenas a forma que encontrei para me "manter vivo" e actualizado.
A nossa geração não tinha destas coisas, mas, como sempre "jovens", aqui estamos nós a comunicar de forma diferente dos nossos antepassados.
Espero que surjam temas da nossa terra, que não esquecemos.
O grande abraço amigo
Lusitano Amaral