Ida às origens ...

Mais uma visita à minha terrinha sem o gozo de poder dizer, como antigamente, aos amigos que saio da cidade para ir até à vila. A minha terra há muito que é cidade !
Infra-estruturas, na verdade, não faltam.
Câmara Municipal, Junta de Freguesia, Casa da Cultura, Biblioteca, Arquivo Municipal, Museu, Posto de Turismo, Centro de Saúde, Escola, Creche, Misericórdia e seus Lares e Centro de Dia, Infantário, Palácio da Justiça, GNR, Bombeiros, Mercado, Estádio, Recinto Desportivo, Piscinas, Parque, Parque de Campismo e toda uma infinidade de Serviços que me dispenso de enumerar.
Nada como ser cidade !!!
Apenas um senão, ter tão pouca população. Serão 5.000 no concelho ?
Nos censos de 2001 eram 5.926, quando em 1960 eram 12.378 praticamente como em 1900 que eram 12.011 !!!
Já em 1981 tinha apenas 8.964, para em 1991 ter decrescido para 7.440 !
Por este andar em 2021 quantos serão ???
Em compensação tem muitos funcionários públicos cumpridores de horários pois o exemplo vem de cima.
Presidente e Vereadores dão o exemplo entrando e saindo a horas certas. Pensei que estes tivessem "isenção de horário", mas parece-me que não.
A burocracia deve ser medonha !!!
Julgava eu que os eleitos deviam, em vez de permanecer tanto tempo nas instalações municipais, contactar com as populações do concelho e dar vida á vila, desculpem, á cidade.
Não sei ao certo quantos funcionários públicos existem só no Município.
Sei e vou citar o número de funcionários que existiam dentro das instalações da Câmara nos anos 195o para uma população de 12.000 habitantes :

- Presidente a tempo parcial : Dr. Augusto César de Carvalho
- Sr. Abílio Abrunhosa
- Sr. Germano Rebelo
- Sr. Júlio Alberto Fernandes
- Sr. Manuel António Trigo
- Sra. D. Almerinda Abrunhosa.

Claro que havia outra gente afecta ao Município tais como dois Polícias Municipais, um Zelador e dois "varredores" de vassouras em riste e carrinhos de mão, que cuidavam da limpeza da vila.
Havia vida na Mêda ! Havia movimento.
Hoje há movimento de carros, não de gente.
Se durante a semana ainda se consegue ver gente, aos fins de semana parece que estamos numa terra fantasma.

Não me apelidem de saudosista ou conservador, pois sou mesmo o oposto.
O que me custa ver é o marasmo e comodismo instalado.
Não há muitos empregadores e daí a desculpa de o Município ser o maior empregador. Nada contra desde que se rentabilize o dinheiro dispendido.
Há felizmente ainda alguns outros empregadores, mas que não absorvem a mão-de-obra disponível.
A agricultura pujante desses tempos, deu lugar ao abandono de terras de cultivo e até as vinhas rumaram a outros concelhos mais longínquos.
Quando se falava na Mêda, podiam nem saber onde se situava geograficamente, mas sabiam que era terra de "bom vinho".
Houvesse nesse tempo as vias de comunicação que hoje existem !!! Para se chegar ao Porto eram horas infinitas pelo Douro. Hoje chega-se em pouco mais de duas horas por boas estradas, mas vão chegar as Scuts.

É sempre bom voltar à terra que me viu nascer, mas pena por já não haver tertúlias e saudáveis discussões.

Voltarei ... sempre.