domingo, 11 de setembro de 2011

MÊDA e a sua ADEGA COOPERATIVA


Texto Publicado na Rádio Monsanto
by Joaquim Fonseca.

A Adega Cooperativa de Mêda retomou agora a actividade, três anos após o encerramento das suas instalações.

“A Cooperativa de Mêda foi fundada a 19 de Dezembro de 1956, recebendo as primeiras uvas em Setembro de 1958. Nesse ano, 128 associados entregaram 606.976 kg, que produziram 463.551 litros de vinho.

O Município de Mêda, exerceu todas as influências junto dos diversos agentes envolvidos para recuperar financeiramente a Adega Cooperativa e para que a situação de falência fosse o mais rapidamente ultrapassada.

Na campanha deste ano, a Adega de Mêda, além das uvas provenientes das zonas pertencentes à Região Demarcada do Douro, recebe também, nas suas instalações uvas provenientes de vinhas de todo o concelho, apresentando-se assim como uma mais-valia para os produtores que não possuem vinhas na região demarcada.

Cria-se, desta forma, uma enorme oportunidade de ajuda aos viticultores do concelho, uma vez que antigamente a adega apenas podia aceitar uvas provenientes de 4 freguesias que pertenciam à Região Demarcada do Douro. Esta medida, visa promover o concelho medense como um todo, criando novas oportunidades, pois para além do «Vinho Fino» (nome dado ao Vinho do Porto), também se produzem excelentes vinhos da Beira Interior e vinhos de altitude. Podemos mesmo dizer que o concelho de Mêda se reveste de características geográficas/geológicas únicas.

O Município entendeu que a Adega Cooperativa de Mêda é um pilar fundamental da vida económica do concelho e não podia ficar alheio às dificuldades que os agricultores/viticultores sofrem, especialmente em tempos de conjuntura de grave crise que o país atravessa."

BREVE HISTÓRIA DA ADEGA COOPERATIVA DE MÊDA

A Cooperativa de Mêda foi fundada a 19 de Dezembro de 1956, recebendo as primeiras uvas em Setembro de 1958. Nesse ano, 128 associados entregaram 606.976 kg, que produziram 463.551 litros de vinho. Durante o ano de 1959 foram obtidos os primeiros resultados com a venda de 115.920 litros de vinho”.

Inexplicavelmente no início do ano de 2009, foram os associados confrontados com o encerramento das instalações da sua Cooperativa.
Despedimento colectivo do pessoal e o abandono quase total de um património conseguido ao longo de 53 anos.
Ao longo da sua existência, entre altos e baixos, foi a Cooperativa a forte instituição dos lavradores de algumas freguesias do concelho que fazem parte da região “demarcada do Douro”.
Geradora de emprego certo e seguro, durante muitos anos.
Os pequenos lavradores entregavam as suas uvas e recebiam o produto do seu trabalho, que cobria as despesas de manutenção das suas vinhas e ainda conseguiam fazer alguns pequenos investimentos.
Os produtores de “generoso” tinham assegurado o escoamento e lá ia dando para a manutenção das vinhas que também produziam o famoso “vinho de pasto da Mêda”, sendo este também pago a valores razoáveis.
Não foi apenas a crise no sector dos vinhos que inverteu a tendência e o equilíbrio do não pagamento das colheitas ao associado.
A par dos investimentos necessários também subiu a facturação.
As contas estavam equilibradas até ao ano de 2000, como se pode verificar pelos Balanços da altura.
Foi a partir do ano de 2001 que se iniciou o descalabro. Colheitas não integralmente pagas e preços irrisórios para as uvas produzidas.
Aumentos de Capital obrigatórios, mas substancialmente acrescidos ao que estavam legalmente mandatados.
Pagamentos da dívida aos Bancos em vez dos pagamentos aos Lavradores.
Começou a debandada e a cada vez menor entrega de uvas por parte dos associados, pois não viam os pagamentos ser-lhes efectuados.
Acresce que muitos dos agricultores preferiram “abandonar as vinhas”, vendendo as respectivas licenças, muitas delas, para fora do concelho. Outros apenas entregavam parte das suas colheitas.
De uma Cooperativa forte e sólida passou a uma Adega de sobrevivência.
A gestão, completamente amadora, não soube responder aos desafios do mercado e do equilíbrio das contas.
Erros comerciais e de gestão foram-se acumulando.
Pessoal a mais desde que a Facturação passou para metade da dos anos 90 e 2000. Foi o deixar correr sem intervenção firme para alterar a situação caótica que se começava a sentir.
Foram feitos, por diversos associados, os alertas necessários, mas a Gestão fazia “ouvidos de mercador” e prosseguiu a política comercial ruinosa, vendendo ao desbarato o “vinho de mesa”, engarrafado e rotulado.
Com a cada vez menor entrega de “uvas beneficiadas”, fugiam também as de “casta” e as despesas fixas sempre em crescendo.
Ficavam as “uvas de pasto” que eram pagas a preço que mal dava para que o agricultor pudesse pagar as despesas da vindima.
Nas Assembleias, apenas uns poucos alertavam para as consequências futuras da política seguida pela Direcção, mas não eram ouvidos. Gerava-se a confusão e as acusações mútuas e pessoais. Aprovavam-se Contas sem serem devidamente debatidas e discutidas.
O controlo ou o “descontrolo” das Contas, até permitiu “desvios de Caixa”. O mais curioso da situação, a fazer fé no último Balanço, referente a 2008, é que não se compreende o abandono da Cooperativa e o “encerramento”, sem uma qualquer opção apresentada aos associados.
A “insolvência” não é possível, face ao Balanço de 2008.
A “viabilidade” é outro assunto, mas a “insolvência" NÃO. "


Obrigado, Joaquim Fonseca

O abraço a todos os Medenses de boa vontade

1 comentário:

  1. Caros sócios.
    Quando fui convidado e aceitei fazer parte da Lista para os Órgãos Sociais, foi para colaborar na reabertura e funcionamento da nossa Adega. Coloquei-me ao dispor para, com a minha experiência, pudesse ajudar no que fosse preciso. Muitos de nós somos sócios há décadas, dando sempre o melhor para que a Cooperativa cumprisse os seus objectivos, ou seja receber as nossas uvas e vender o vinho produzido e pagando-nos o justo valor. Foi assim durante muitos anos. Com altos e baixos a Cooperativa tratou bem os seus sócios e deu emprego a muita gente. Até o ano 2000 a Cooperativa sempre cumpriu os compromissos para com os sócios, pagando atempadamente os produtos do nosso esforço e trabalho. A Direcção que se seguiu optou por lindos discursos, deixando as campanhas por pagar e as dívidas aos sócios foram-se acumulando. As bonitas palavras do seu Presidente não correspondiam aos actos de uma sã gestão. Alertei muitas vezes para a situação a que estavam a levar a Adega. Sem que a Assembleia se pronunciasse, fizeram o despedimento colectivo dos empregados com o pagamento das indemnizações esquecendo o interesse dos seus sócios, encerrando a Adega. Fui dos que sempre pugnei pela reabertura e por isso me prontifiquei em dar a minha colaboração. O caos em que se encontrou a Adega, já é de todos conhecido. O ano passado não foi possível produzir o vinho na nossa Adega, mas receberam-se as uvas de quem as quis entregar. Nestes meses de gestão dos novos Órgãos Sociais nem tudo tem sido perfeito. Há falhas que é preciso corrigir. É preciso uma estreita colaboração entre todos para remediar as falhas que ainda subsistem. É preciso pôr a nossa Adega a funcionar quer no plano produtivo quer no administrativo. Torna-se necessário pôr as Contas em ordem e sabermos com precisão a verdadeira situação económica e financeira da Adega. É uma tarefa árdua mas absolutamente necessária. A renegociação da dívida à Caixa Geral de Depósitos foi um passo importante, mas é necessário gerar proveitos para se cumprir esse compromisso. Apesar dos muitos problemas existentes, há que enfrenta-los e dar-lhes solução. Há que de novo haver confiança e transparência. Temos que aprender com os erros do passado e adoptar métodos criativos de boa e sã gestão. Os sócios, que são a razão da existência da Cooperativa, terão que ser ouvidos, aceitando as críticas positivas. Aos Órgãos Sociais cumpre o dever de executar as decisões dos sócios reunidos em Assembleia. As sugestões dos sócios devem ser entendidas como colaboração não como críticas negativas. Disse no início que nem tudo ainda é perfeito. Há que aperfeiçoar o funcionamento, que leva o seu tempo. Há que limar arestas e retirar alguns grãos da engrenagem para que melhore todo o funcionamento. Nenhum de nós quer voltar ao tempo da desordem e desorganização em que a Adega se encontrava nos últimos anos.
    Só com o contributo de todos será possível a continuidade. Só com o diálogo permanente entre todos será possível atingir os objectivos. Devem relevar algumas faltas cometidas e acreditar que o sucesso é possível. Em meu nome e em nome dos elementos da Mesa da Assembleia Geral, fica o compromisso que zelaremos sempre pelos interesses de todos os sócios, enquanto merecermos a vossa confiança. Agiremos, em vosso nome, sempre de acordo com os nossos estatutos e a Lei. O nosso obrigado a todos, fazendo votos que para o ano possamos dizer que valeu a pena o esforço e colaboração de todos. Obrigado.
    (Esta foi a minha comunicação na Assembleia de 7/8/2011)

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